quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ISAT

Hoje é o último dia(10/02) que eu visto a camisa do time ISAT. Depois de três anos e alguns meses vivendo minha vida nessa corporação, como um jogador de futebol que defende seu time com unhas e dentes, amor e dedicação, carinho e educação, resolvo encarar um novo desafio. É uma nova oportunidade de crescimento pessoal, profissional e muitas mudanças que me faz respirar bons ares. Logo eu, tão averso a mudanças, soa totalmente contraditório essa afirmação, mas ainda me sinto novo, e a hora de arriscar é agora e é preciso aceitar que mudanças são necessárias e benéficas.
            São novos tempos, outra cabeça, mais maturidade adquirida e muito de ISAT em mim. Participei de todas as partidas nesse período, com a agilidade de um atacante, a serenidade de um goleiro, tentando ser preciso como um meia armador, buscando gerenciar as ações e decisões como um capitão e celebrando todas as conquistas com todo o time após um gol.
            Saio com toda a certeza do mundo, pela porta da frente, e mais: sabendo que deixei um pouquinho da minha mensagem e visão de mundo quanto ao que e como é viver. Além do mais, com o respeito a todos que ficam e a quem eu bato palmas frenéticas.
            Pra finalizar a metáfora envolvendo o futebol, a minha consideração, carinho e gratidão a ISAT se resume àquele jogador que, após tantos anos jogando por determinado clube, hoje defendendo outro, marca um gol no primeiro e, mesmo sabendo da oportunidade de comemorar efusivamente pelo melhor momento do futebol - o gol -, tem a sensibilidade de não comemorar seu feito por todo o respeito envolvido.
           Obrigado time ISAT!


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Dia 25 + 1

Cancelaram o Natal em Aleppo
As crianças reivindicam o direito de enviar outra carta ao Papai Noel
Os desejos escritos se tornaram obsoletos

Agora uns querem o regresso de suas mães
Batendo na porta da sala
Com os braços abertos
Olhos lacrimejados
E roupas alvejadas

Outros querem seu lar de volta
O aconchego da cama
A inocência dos irmãos brincando no chão da cozinha
A mãe preparando o almoço, a janta, a bronca

Antes de cancelarem o Natal em Aleppo
Crianças foram dizimadas
Mães foram dizimadas
Casas foram dizimadas
Esperanças foram dizimadas
O alvo é sempre a destruição

Cancelaram o Natal em Aleppo
Como em tantos outros lugares
Onde nem sequer o calendário já é mais sinônimo de orientação temporal
Pois cada minuto é um suspiro
Uma dose de clemência
Pra cessar essa guerra endêmica
Que não pára de viralizar

Se cancelaram o Natal em Aleppo
Por que não cancelaram o Natal?

domingo, 18 de dezembro de 2016

Pra sempre noite

Passeando pelo escuro do submundo
Confrontando com a silhueta no espelho
Sente a falta da sombra
Que carrega a verdade obscura
De toda a humanidade
Suspira, cansado, ao presenciar a consciência de estar sozinho
E se amedronta com a insegurança progredindo

Poematiza versos fracos e roucos
Sibila palavras descoordenadas
Sugere movimentos imprecisos
Frases indecisas
Decisões precipitadas

Rascunha um ato de rebeldia
Ao sorrir ironicamente para o mal, para o mundo
E logo se entrega pra solidão
Sentando ao chão que nem sequer enxerga
E aceitando tudo o que houver de acontecer

Não há luz
Não há céu
Não há sol

            Hoje, pra ele, sempre será noite