domingo, 4 de outubro de 2009

Crônica, ou o que for, de um dia

Dia estranho, diferente. Antes sono aconchegante. O relógio marcava 07:00; hora de levantar, sem reclamar. Arrumar-se não me ocupa tanto tempo, mas insisto em dizer que estranho o Dia insistia em me provar que era, a hora não passava!
Sem motivos para ficar triste, menos palavras para verbalizar, milhões de pensamentos a aflorar.

O ônibus atrasa mesmo em dias normais. Mas esse era o dia em que o tempo disputava a lerdeza com o motorista. Era dia dos ciclistas. Eles não precisavam de um ônibus naquela manhã, e puderam deleitar-se com o magnífico prazer de ter um espectador, como se o ponto virasse a arquibancada. Platéia, mínima, inconsciente, involuntário.
Passado os tantos minutos tolerantes de atraso, é hora de embarcar, se aventurar, ou apenas cumprir o roteiro. O tempo no ônibus voa quando há uma música apreciável te acompanhando, ou mesmo uma amizade qualquer, que se encontra já sentada no banco, amizade mais compatível pelo dia.

O tempo passa e entre um riso e um troco, tudo pode acontecer. Tudo tende a acontecer naturalmente. O alvo é sempre aleatório, ou sempre você. Tudo se desmaterializa em torno da salvação.
Chegar, um alívio, esperar era a próxima maldição. Entrar, uma redenção. Concluir, a destruição. Concluir: a destruição do pensamento de que o alívio era mesmo voltar para casa não foi o melhor a se fazer.
Nem o açúcar adoçou o preço do ingresso.
Realmente o dia era estranho. Estranho mesmo é sonhar que a coragem possa nascer na hora em que mais preciso. A hora do dia em que toda a sua ingenuidade e olhar me petrificam.

Tudo bem. Do terceiro andar jogarei toda a minha melancolia e pessimismo em queda livre.
Mas aquela inocência pedomórfica...só pode ser mentira! São inúmeros momentos, são todos os movimentos dela. Isso tudo é tudo o que me prende a acreditar que não são friamente calculados, e sim, naturais.
Aquele sorriso de criança, distribuído aberta e gratuitamente a quem for.
Bem, alguém tem que ser feliz nesse mundo. E alguém tem que ser covarde, mesmo sendo apenas consigo mesmo. Equilíbrio...

O Dia não pode humanizar e vencer-me. Nem mesmo um dia estranho, nem mesmo o estranho que me rouba o prazer de retribuir um “Bom dia!”. Pra bem dizer a verdade, tenho mais medo de mim mesmo. Eu sempre me assassino na tentativa de proteger alguém.


Inútil...

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