Desvio da rotina. Desvio este que já virou a própria rotina. Vontade de comer. Lanche. Restaurante selecionado. Lanche escolhido. Não o maior deles e que sempre pego, com dois hamburgueres. O mais simples. Escolha do assento pela visão que me alcança os lugares. Lugar escolhido. Rezar para ninguém tomar-me. Escolha de assento minerva. Já escolhido. Não que a fila estava grande, tudo aconteceu rápido. Varredura 360º pelo espaço da praça de alimentação. Loira encontrada, sentada sozinha, gostosa, olhando em minha direção. Esquece, é gostosa, e já está ao meu lado, assim como seu marido já estava, esperando o lanche, há mais tempo do que a mesma.
Atendente livre, sou eu. Tentativa de fingir ser simpático com sucesso; Lanche escolhido. Esperando a conclusão do processo. Espera. Para tudo. Que isso? A partir deste momento senti que o tempo estava em câmera lenta. Quem é aquela atendente, do lado direito da que me atende? A primeira, no caso. Ela está atendendo uma criança, indecisa por sinal. Quer um lanche sem picles, e ela, sugere outro lanche, que já dispensa o ingrediente. Uma calma divina, tentando impor uma certa dose de simpatia, atenção, vontade, etc, na voz. Um olhar meio puxado, não que seja oriental, mas mais pelo efeito da maquiagem. Lindo.
Linda! Os lábios, nem reparei tanto, pareciam ser suaves... Estou (ainda) petrificado. Como pode?!
Lanche pedido, pago. Esperando ser chamado pela senha, perto dela. E ela atendendo, só pra constar, já outro cliente. Encontro de olhares. PÁ! Tudo muito rápido. Desvio o olhar e retorno a apreciá-la. Ela, já concentrada no trabalho, no atendimento, no presente cliente. Que presente do cliente ser atendido por ela. Por que não eu? Será que.... Bom, acho que não.
Lanche em mãos. Rumo ao lugar específico. O titular. De frente para o restaurante. Inconsciente a escolha. Inconsequente. Não de propósito. Foi escolhido antes. A consequência mesmo foi ficar fitando ela, trabalhando e marcando todos os seus movimentos. No meu campo de visão direcionado, ora o dela se encontrava com o meu.
Um encontro de olhares rápido, não conseguia encará-la, podia constrangê-la. Porém foi mais de uma vez que o tal encontro de olhares aconteceu. Será que... Ela sabe que estou admirando ela, não sei disfarçar, e nem fiz esforço pra isso. Tento esboçar um sorriso, singelo, na certeza de ser em vão. Meu sorriso é estranho e difícil. O dela, é fácil e leve. Ela sai do seu lugar de ofício, em direção a mim. Que maravilha! Nunca consegui a façanha de atrair uma menina a ponto de ela vir falar comigo, é a primeira vez que acontece. Bom, e ainda não foi desta vez. Ela vira pegar as bandejas, localizadas a uns cinco metros de mim. Três levas para
levar todas. Não consegui observá-la tanto enquanto estava frente a frente. Tive medo. Daquele olhar sedutor se assustar com o meu. Seria ruim demais pra mim, ver seu olhar mudar, ficar sombrio por causa do meu, que já é de natureza assim. Foi estranho. Fiquei olhando para o lado oposto, demonstrando desprezo total. A vontade era grande de de repente virar e vê-la, mas me travei total. Quando ela regressava em direção ao balcão do restaurante, aí sim eu me sentia livre para
acompanhá-la com os olhos. Ela nem ia perceber mesmo.
Demorei para terminar a refeição, a ponto de não aparentar estar ali sentado apenas para comê-la com os olhos. E cada pequena mordida demorava uma eternidade. Ela conversava com a atendente vizinha, a qual fez o meu pedido. Será que era de mim? Será que ela reparou que eu reparava tanto nela? Será que ela tem namorado? Será que eu tenho chances de conquistá-la? Será que devo lutar por ela, mesmo que as primeiras táticas, minhas, sejam um fracasso? Será que eu também despertei a atenção dela? Não sei de nada!
Porém, os dias vindouros prometem ser esclarecedores. Estou completamente disposto a abraçar, até sufocar, a minha timidez, e assim buscar um jeito de ao menos conhecê-la. Vou usar o método mais simples e popular e que mais desprezo: recorrer a amigo(s) para conseguir um contato dela.
Chega de apenas apreciar quem me atrai. Está mais do que na hora de, no mínimo, arriscar e lutar pelos meus desejos, e conquistá-la. E pelo simples fato de tentar, já é um grande início. Desligo a TV. A do celular. Nem me concentrei tanto por causa DELA. Mas ela ficou um bom tempo ligada. Algumas notícias apenas foram vistas. Nada demais. Havia coisa mais importante. Levo a bandeja ao lixo. Papel com papel. Plástico com plástico. Trombada, sem sucesso, com alguém mais sem rumo que eu, no corredor. Mochila nas costas. Hora de voltar pra casa. Preciso me despedir dela. Lá de cima seus últimos movimentos, para mim. Ou melhor, dela, naturais. Para ninguém. E claro, deslumbro os últimos movimentos dela naquele dia. A partir de já anseio momentos, com ela. Eu quero e preciso fazer com que ela queira.
E nessa altura do campeonato, tudo depende exclusivamente de mim. A partir do momento que depender também dela, tudo será mais fácil. Não porque eu a vejo como uma "pessoa fácil", mas é que estaremos num estágio em que já me venci, para poder vencer, na vida.
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